Vinho tem lactose? Tudo que o intolerante à lactose precisa saber!
Você já ouviu falar que quem tem intolerância à lactose não pode beber vinho? E você deve estar se perguntando, mas o que o vinho, que é feito de uvas, tem a ver com a lactose que está presente no leite? Um dos pontos que podem gerar essa confusão é o ácido lático presente nos vinhos, mas há uma grande diferença entre a lactose, que causa problemas para as pessoas na sua situação, e o ácido lático. Para entender melhor sobre o assunto, vamos voltar algumas casas. Vamos lá?
Fermentação malolática e ácido láctico
O suco das uvas amassadas, conhecido como Mosto, só se torna vinho com a fermentação alcoólica, quando as leveduras transformam açúcar em álcool. Aqui está a essência do vinho. Porém, na vitivinicultura, é comum também que haja outro tipo de fermentação, a malolática, que transforma o ácido málico em ácido lático. Mas o que isso significa? O ácido málico tende a trazer a sensação de algo azedo ao vinho, e ocorre naturalmente nas uvas. Já o ácido lático é muito mais suave, trazendo aquela sensação amanteigada na boca. Para transformar o málico em lático, é usada a bactéria Oenococcus oeni, além de outras da família dos lactobacilos. Esse processo resulta em uma redução da acidez geral do vinho em torno de 0,1 a 0,3%
Ácido lático X lactose
Há uma grande diferença entre a lactose, que causa problemas para as pessoas na sua situação, e o ácido lático.
A lactose é um açúcar complexo encontrado em laticínios e deve ser decomposto no intestino delgado em suas partes constituintes, glicose e galactose, antes de ser absorvida. O ácido lático, que é encontrado em vinhos, por outro lado, não precisa ser decomposto para ser absorvido pelo organismo. Claro que é importante consultar um médico especialista, mas nesse caso, os vinhos são seguros para os intolerantes à lactose.
Contém leite no vinho?
No entanto, se você olhar com atenção para os rótulos dos vinhos, pode perceber que há alguns que têm a informação "Podem haver traços de ovo e leite no produto." Mas como assim?
Desde 2015, a ANVISA determinou através da RDC 26/15 que qualquer produto industrializado que tenha qualquer rastro de algo alergênico, como ovo e leite, precisa sinalizar no rótulo. No caso do vinho, isso acontece porque, alguns enólogos, dentro do processo de vinificação, escolhem utilizar materiais de origem orgânica ou animal para realização do processo de colagem e clarificação dos vinhos, visando retirar os pequenos resíduos que causam turbidez. Sendo que a caseína (proteína do leite) é um dos mais usados.
O processo não costuma deixar resíduos, mas em alguns casos pode ter resquícios mínimos. Neste caso é importante prestar mais atenção ao comprar. Segundo a Dra. Ana Paulia Juliani, no blog da Keli Bergamo, "Existem pacientes alérgicos que reagem a mínimas quantidades de antígeno proteico. São a exceção, não a regra, mas existem”
Além disso, a médica complementa: "A intolerância à lactose, por sua vez, é irrelevante no caso do vinho, pois a substância utilizada na clarificação é a caseína (proteína) e, em caso de presença ínfima de lactose, dificilmente gerará algum sintoma. Como a quantidade é costumeiramente pequena – caso exista – é importante que o consumo seja observado e, se ocorrerem sintomas da alergia já diagnosticada, recomenda-se suspender o consumo e procurar auxílio médico.
Gostou de saber mais sobre o assunto? Mas ressaltamos que é fundamental que haja um acompanhamento médico e siga as orientações do profissional.
Comentários
0 Comentários