A harmonização entre vinhos e pratos diversos é um tema sempre controverso, que favorece o surgimento de muitas “normas” e “regras de etiqueta” imprecisas, para dizer o mínimo. Quem nunca ouviu que “peixe só combina com vinho branco”, por exemplo? Ora, ainda que diversos tipos de peixes, de fato, combinem muito bem com vinhos brancos, é preciso admitir que há também uma enorme quantidade de pratos servidos com peixes que pedem vinhos tintos das mais diversas origens.

Outra dessas “normas” sugere que pratos típicos de determinada região sejam servidos apenas com pratos daquela área específica. O principal erro deste raciocínio é posicionar a origem da casta no topo das prioridades da harmonização gastronômica em detrimento dos aromas e temperos em questão, e ainda sem levar em consideração o método de preparo.

O bacalhau, um dos pratos mais consumidos no período da Semana Santa, que antecede a Páscoa, é um ótimo exemplo de como tais “normas” devem ser sempre relativizadas. Afinal, dependendo da receita, e por ser um peixe de sabor marcante, este é um prato que vai muito bem com um vinho tinto encorpado, ainda que com tanino comportado (o que já descarta rótulos tradicionais como aqueles oriundos das regiões do Douro e Alentejo - não adianta ser português, viu só?).

Como harmonizar vinho e bacalhau

Na prática, diversos aspectos devem ser levados em consideração na hora de escolher o vinho que vai acompanhar o prato a ser servido, mas a dica essencial aqui é não se deixar levar pelo senso comum. Vale a pena arriscar e experimentar combinações diferentes a fim de perceber como o seu paladar se comporta.

No caso do bacalhau, há uma variedade de vinhos brancos e tintos que podem acompanhar o prato, oferecendo uma experiência sofisticada e inesquecível para o seu almoço. A escolha vai depender da receita escolhida para o preparo do peixe.

Se o bacalhau for servido de forma simples (Gomes de Sá ou à Braz), apenas com as postas cozidas ou assadas, acompanhadas de batatas, ovos e legumes, vale a pena apostar na suavidade e frescor das uvas Pinot Grigio. Não por acaso, tanto o Marchese Montefusco como o Scavigna Bianco são ótimas opções. Importante: no caso do tradicional Bacalhau com Natas (desfiado, com cebolas, batatas e natas), o ideal é harmonizar com vinhos frutados e leves. Pense Prosecco.

Já se o prato for um pouco mais elaborado, vale a pena investir numa combinação mais encorpada. Receitas como a do Bacalhau Imperial, Espiritual, gratinado (com cream cheese e queijo parmesão, que tal?), suflê ou mesmo moqueca, são muito bem acompanhadas por vinhos tintos com baixo teor de tanino, mas ainda assim marcantes. Experimente algum da região da Valpolicella ou um (sempre infalível) Chianti. Ah, e não esqueça de regar o prato com muito azeite. ;)

O vinho é uma bebida versátil, harmonizável com todo tipo de comida e perfeito para ser degustado tanto no verão quanto em dias frios. Por isso, consumir vinhos apenas nas estações mais frescas, pensando na harmonização com queijos e carnes mais gordurosas é um verdadeiro desperdício.

Os produtores de vinhos italianos, por exemplo, oferecem uma grande variedade de rótulos para quem busca uma experiência saborosa e refrescante. Por isso, aqui estão 3 vinhos italianos perfeitos para o verão:

Vinhos para o verão: Pinot Grigio
O Pinot Grigio é o mais conhecido dos vinhos brancos italianos. Oferece toques leves, frutados, com um pouco de nozes. Cultivado nas regiões de Veneto e Fruili, no nordeste da Itália, o Pinot Grigio tem uma cor pálida e é ótimo para ser harmonizado com frutos do mar, massas e queijo. Evite os pratos ácidos, como molhos de salada a base de vinagre.

Vinhos para o verão: Prosecco
Este espumante italiano deve estar em todas as listas de vinhos perfeitos para o verão. Feito a partir de uvas Prosecco cultivadas em Veneto, próximo aos Alpes, este vinho apresenta o equilíbrio perfeito entre o "fizz" e a sofisticação. Seu sabor é seco e frutado (limão, tons de grapefruit e uma pitada de mel). O Prosecco vai bem com massas com molho branco, peixes, frutos do mar e saladas. Sirva bem gelado.

Vinhos para o verão: Arneis
Cultivada no Piemonte, Arneis é uma uva de aroma delicado, cujo vinho é extremamente popular na Europa. Mas que merece ser mais conhecido pelos apreciadores ao redor do mundo. Este vinho branco é conhecido por seu aroma levemente frutado, com toques de pera e apenas uma pitada de amêndoa. É ideal como um aperitivo ou quando servido com mariscos e outros frutos do mar.

A história vinícola da Itália é milenar, sendo impossível dissociar o consumo de vinho da própria cultura italiana, seja em âmbito gastronômico, econômico ou social. A grande variedade de microclimas do país, as condições do solo e as tradições regionais contribuíram para formar um patrimônio enológico riquíssimo, cuja produção é marcada pela enorme variedade e também por alguns dos rótulos mais sofisticados do mundo. Por isso, selecionamos as  5 regiões produtoras de vinho que você precisa visitar em sua próxima viagem à Itália.

Toscana
As colinas verdejantes não deixam dúvidas: estamos na casa do vinho mais popular da Itália, o Chianti. A Toscana é a região vinícola mais antiga do país e seus vinhos são, muitas vezes, blends que enriquecem suas uvas Sangiovese nativas, que produzem vinhos tânicos, ácidos, que abrangem uma variedade de sabores dependendo da localização: de terroso a frutado. O próprio Chianti é feito com uvas Sangiovese (pelo menos 80% de sua composição). Já o Brunello di Montalcino, vinho mais sofisticado da região, é produzido exclusivamente com as uvas Sangiovese Grosso.

Piemonte
Produz alguns dos vinhos mais famosos da Itália: Barolo e Barbaresco. A região é flanqueada pelos Alpes gelados ao norte e está próxima do Mediterrâneo balsâmico, localização geográfica que favorece a formação de uma névoa característica que ajuda a amadurecer a uva Nebbiolo, utilizada em ambos os vinhos. Outras uvas populares cultivadas em Piemonte são Barbera e Dolcetto, cujos vinhos são considerados ótimos para o dia a dia.

Veneto
Mais conhecida por produzir o espumante Prosecco, esta é uma das regiões mais produtivas do país. Este vinho branco, aliás, é produzido ao norte de Veneza, em uma região chamada Valdobbiadene, e é um substituto mais acessível para o champanhe. O Prosecco é feito, principalmente, de uvas Glera, embora outras variedades possam ser incorporadas. O clima fresco da região (mais ao norte, perto dos Alpes) ajuda a cultivar alguns vinhos brancos frescos e nítidos, como o Soave e o Pinot Grigio. Já as áreas mais quentes, perto do Mar Adriático, são o lar de vinhos tintos notáveis, ​​como: Valpolicella, Amarone e Bardolino.

Sicília
Maior ilha do Mediterrâneo, a Sicília tem condições perfeitas para o cultivo de vinho. Não por acaso, é a região com mais vinícolas na Itália. É famosa pelo Marsala, um vinho que normalmente é enriquecido com brandy e é usado na cozinha para criar molhos inesquecíveis. Sua uva mais típica, no entanto, é a Nero d'Avola, que serve como base para o vinho mais importante da Sicília. Zibibbo é outro vinho aromático produzido na ilha siciliana cujas uvas são deixadas para fermentar ao sol, oferecendo-lhes características semelhantes ao Marsala, embora com menor teor alcoólico. Os vinhos mais suaves, produzidos em torno do Monte Etna, estão se tornando cada vez mais populares e são feitos com uvas Nerello, Frappato e Catarratto. Já os vinhos feitos a partir de uvas brancas típicas mais populares são o Inzolia e o Grillo.

Puglia
O vinho da Puglia é o resultado de paisagens lindas e diversificada. Caracterizada pelos dias de calor intenso, a região é responsável pela produção de metade do azeite da Itália. Com esse clima, você poderia pensar que as vinhas sofreriam e não dariam bons frutos. Ledo engano. Puglia é uma região cercada por água e as brisas frescas do Mediterrâneo fazem com que as temperaturas sejam ideais para a produção de seus dois vinhos mais tradicionais: Salice Salentino, Negramaro e Primitivo.