Vinho Supertoscano: da irreverência ao estrelato
Quase impossível falar sobre vinhos italianos e não pensar na Toscana, não é mesmo? As colinas verdejantes não deixam dúvidas: estamos na casa do vinho mais popular da Itália, o Chianti. A Toscana é a região vinícola mais antiga do país e seus vinhos são conhecidos mundialmente. Mas, você já ouviu falar sobre os vinhos Supertoscanos? Se o termo é uma novidade para você, ou se já o escutou, mas ainda tem dúvidas, vem com a gente neste texto que te contaremos tudo que você precisa saber sobre o assunto. Vamos lá?
TOSCANA
Denominações dos vinhos italianos
Para começar a falar sobre o Supertoscano, precisamos relembrar sobre o sistema italiano de categorização de vinhos, que foi criado em 1963 e originalmente concebido para valorizar as uvas típicas da Itália, elevando o vinho feito com variedades de uva italiana para os mais altos níveis do sistema DOC (Denominazione di Origine Controllata- Denominação de Origem Controlada, em tradução livre) e DOCG (Denominazione di Origine Controllata e Garantita- Denominação de Origem Controlada e Garantida, em tradução livre).
Entendendo a denominação de origem e olhamos especificamente para a Toscana, região no centro da Itália, surge o Supertoscano, nome dado aos vinhos que vão no sentido contrário ao que é esperado dos DOCs e DOCGs da região. Ou seja, Supertoscano nada mais são que os vinhos que não obedecem, ou não obedeciam, às normas de produção da principal denominação de origem toscana na época, Chianti.
Vitivinicultura toscana na década de 1960
A vitivinicultura toscana não foi muito próspera na década de 1960. Desde o fim da II Guerra Mundial, a Itália passou por dificuldades, especialmente no campo, onde os poucos agricultores que ainda persistiam começaram a abandonar suas terras. O antigo sistema de mezzadria, que sobrevivia na Toscana desde a época do feudalismo, estava sendo abandonado, fazendo com que os donos tivessem que cultivar as terras por si próprios. Assim, a qualidade dos Chianti diminuíram.
Nessa mesma época surgem os Supertoscanos, que não eram apenas “contra as regras” de Chianti, mas também não queriam se sentir limitados pelas técnicas e variedades permitidas na região. Os produtores queriam criar um novo vinho, diferente, rico, encorpado, de alta qualidade, bem distante daqueles que estavam sendo produzidos na época.
A fama dos supertoscanos não foi imediata. Inclusive, a rebeldia dos produtores, na época, fez com que os seus vinhos fossem rebaixados à categoria “vino di tavola” – cujos preços tendiam a ser os mais baixos do mercado.
Precursores do Supertoscano
Quando falamos em Supertoscano não podemos deixar de lado dois nomes: Mario Incisa della Rocchetta e Giacomo Tachis, responsáveis por criarem os dois primeiros Supertoscanos, Sassicaia e Tignanello.
O Marquês Mario Incisa della Rocchetta, apaixonado pelos vinhos bordaleses e com amizades nobres, acreditava piamente que a região da vila italiana Bolgheri, próxima ao mar Tirreno, e com solo pedregoso, era extremamente propício às castas bordalesas. No início da saga, as primeiras mudas de Cabernet foram trazidas, mas o cultivo e vinificação, ainda experimentais, não animaram muito nas primeiras colheitas. Em certa ocasião, Piero Antinori, primo do Marquês, provou o vinho e, vendo seu potencial, chamou então seu enólogo Giacomo Tachis, para trabalhar junto com Mario.
Sua primeira safra ao lado de Mario foi em 1968, ano em que o vinho Sassicaia foi oficialmente criado. O vinho caiu na graça dos críticos e apreciadores de um bom vinho. Em 1978, uma década depois da primeira safra, esse rótulo venceu um importante concurso com exemplares de Cabernet Sauvignon do mundo todo promovido pela revista Decanter. Alguns anos depois foi a vez de Robert Parker dar 100 pontos para o Sassicaia da safra 1985.
Apesar da ideia de trazer variedades francesas para a Toscana ter partido dos Antinori e dos Incisa della Rocchetta, a maneira de desenvolver o vinho, o blend e especialmente a introdução do envelhecimento em barricas deve-se, em grande parte, ao enólogo Giacomo Tachis, que é considerado o pai dos Supertoscanos.
Afinal, o que é considerado um Supertoscano?
Importante lembrar que os Supertoscanos não são somente aqueles vinhos que são produzidos com uvas “proibidas” pelas denominações de origem tradicionais da Toscana, especialmente Chianti. Muitos são Sangiovese puros e, ainda assim, considerados Supertoscanos, porque não seguem a outras regras como os métodos de produção, por exemplo. Inclusive, o primeiro Tignanello, que foi um dos primeiros supertoscanos criados por Mario Incisa della Rocchetta e Giacomo Tachis junto com o Sassicaia, era feito apenas de Sangiovese, mas, na época, as regras obrigavam um Chianti a mesclar Canaiolo e Malvasia.
Supertoscano Orgânico Cantastorie IGT
Conheça o Supertoscano Orgânico que selecionamos da Tenuta di Sticciano. Ele é um blend de Cabernet Sauvignon com Sangiovese que amadurece por 24 meses em barricas de carvalho francês e afina 12 meses em garrafa com temperatura controlada. Ele apresenta aromas intensos e característicos com notas de fruta vermelha fresca. Na boca é encorpado, harmonioso e persistente com final de cereja. Tem ótimo equilíbrio entre álcool, tanino e acidez. Foi premiado com Medalha de Ouro no America Wines Award )
Saiba mais aqui: https://bit.ly/3pdwaKT
Gostou de saber mais sobre os vinhos Supertoscanos? Conta pra gente se você já conhecia a história!
Comentários
0 Comentários