Sicília: como a nova geração de produtores está mudando a região
Com uma localização estratégica, a Sicília, ilha no sul da Itália, foi um dos prêmios mais cobiçados do Mediterrâneo, com uma longa história marcada por interesses gregos, romanos, fenícios, cartagineses, árabes, bizantinos, normandos, franceses e espanhóis. Por isso, não é de admirar que o vinho siciliano tenha lutado por muito tempo com uma crise de identidade.
Durante muito tempo, a indústria do vinho siciliano baseou-se principalmente na produção de Marsala e vinho a granel. No entanto, nos últimos anos, a Sicília começou a emergir como uma região vinícola a ser observada, em grande parte graças ao estabelecimento do Sicilia DOC.
Reconhecido em 2011 pelo Ministério da Política Agrícola, Alimentar e Florestal e criado oficialmente em 2012 com o objetivo de proteger e promover a produção do vinho siciliano, o Consorzio di Tutela Vini DOC Sicilia representa cerca de 3.000 produtores e cerca de 500 vinícolas associadas. Esta grande denominação cobre muitas das variedades de uvas indígenas da Sicília, incluindo Grillo, Catarratto, Inzolia, Nero d’Avola, Frappato e Perricone, embora certas uvas internacionais como Syrah e Chardonnay também sejam permitidas.
Nova geração de vinho siciliano
Nos últimos tempos temos visto uma energia e empolgação entre os produtores de vinho sicilianos. Em recente entrevista ao portal VinePair, o coproprietário da vinícola Cusumano, Diego Cusumano, que é um embaixador dinâmico da região, compartilhou sua paixão pela Sicília e seus vinhos.
Cusumano acredita que a Sicília é o melhor lugar para fazer vinho, já que possui naturalmente tudo o que um enólogo poderia querer trabalhar: clima ideal, muita luz solar e diversos tipos de solo adequados para o cultivo de uvas. Cusumano também é apaixonado por aproveitar os muitos climas da Sicília, buscando as expressões únicas de terroir possíveis com uvas como Grillo e Nero d’Avola, dependendo de onde são cultivadas.
Seus vinhedos em Tenuta Monte Pietroso, por exemplo, estão localizados 400 metros acima do nível do mar, com solos arenosos e ventos do norte que trazem o ar fresco do mar para permitir que eles cresçam e produzam Grillo com acidez e mineralidade proeminentes; enquanto seus vinhedos em Tenuta San Giacomo em Butera são claros e ensolarados, com solo calcário branco rico em "trubi", uma rocha calcária local que permite que seu Nero d'Avola atinja a maturação total, enquanto mantém o frescor graças à altitude e proximidade com o mar.
Mas a mudança que tem acontecido na vinicultura da região não está ligada apenas ao fato dos produtores terem entendido o poder do clima local. Isso aconteceu graças a um grupo crescente de vinicultores e proprietários de vinícolas de gerações mais jovens e com visão de futuro, que estão vendo o imenso potencial dos vinhos sicilianos para competir no cenário mundial.
Renascimento das uvas nativas da Sicília
No centro deste movimento está o renascimento das uvas nativas da Sicília, em particular as variedades de marca registrada do Sicilia DOC, Grillo, Cattaratto e Nero d’Avola. Na entrevista, Andrea Pizzo, que cuida das relações externas do Gruppo Mezzacorona, também pontua “Grillo era completamente desconhecido há 10 anos”. Porém, felizmente, esses vinhos que eram mais inusitados estão se tornando mais interessantes para o consumidor moderno.
Cultivando Sustentabilidade
Outro aspecto importante da região é a notável consciência das pressões das mudanças climáticas que tem crescido entre os produtores de vinho sicilianos, bem como um movimento em direção à agricultura orgânica e à sustentabilidade. A região está bem posicionada para estas práticas: O clima aqui é mediterrâneo, com chuvas relativamente baixas e condições ventosas e áridas que favorecem à agricultura orgânica, graças à menor ameaça de doenças na vinha.
O pai do enólogo Cusumano citado acima, Francesco, emitiu um aviso presciente quando a vinícola da família começou em 2001: A mudança climática será um problema. Como tal, a família priorizou consistentemente a altitude elevada - seus efeitos moderadores ajudam a mitigar o aumento das temperaturas sazonais - ao plantar os vários vinhedos que possui em toda a região. O resultado? Vinhos com corpo imenso, mas com acidez e elegância surpreendentes para uma região caracterizada por um clima mais quente.
Vinhos da Sicília na Ivini
A Sicília também está presente aqui na Ivini! Temos uma seleção especial dos vinhos da Cantine Ermes, cooperativa que é uma referência no cultivo dos vinhedos e na produção da uva e o segundo maior produtor siciliano de vinho. Os 1.200 membros da cooperativa cultivam mais de 5.000 hectares de vinhedos nas regiões de Agrigento e Trapani, na Sicília, para a produção de vinhos destinados ao mercado italiano e aos principais mercados internacionais.
Além disso, temos também vinhos sicilianos da vinícola Orestiadi, que combina tecnologia e inovação com a tradição para preservar a identidade territorial de uvas e vinhos. O conhecimento do território, das vinhas e das fases de maturação, fermentação e envelhecimento permitem encontrar nos vinhos Orestiadi aqueles aromas e sabores que apenas algumas partes da Sicília altamente adaptadas à viticultura sabem proporcionar.
Com certeza a Sicília ainda tem muito o que nos surpreender futuramente, mas não há dúvidas que os grandes vinhos da Sicília podem competir internacionalmente com os melhores vinhos de regiões do mundo todo.
E você gosta de vinhos sicilianos? Conta pra gente como você tem costume de consumi-los!
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