Por que Chianti é o vinho italiano mais comentado/resenhado/consumido em toda a história? O que faz deste vinho tinto harmônico e vivaz a bebida perfeita para ser servido junto às refeições? Inevitavelmente, o iniciante na apreciação de vinhos fará tais perguntas em determinado momento.

A boa notícia é que ele não terá grandes dificuldades para encontrar as respostas.

Isto porque basta submeter-se à experimentação de uma taça de Chianti para reconhecer o poder do sabor e do aroma das uvas Sangiovese combinadas com outros tipos de uvas da Toscana. E basta harmonizar esta mesma taça com uma massa “al pomodoro” ou fatias de prosciutto para ter certeza de que estamos falando de um grande vinho.

Chianti é o vinho italiano mais famoso ao redor do mundo e certamente contribuiu para o reconhecimento da Toscana como uma das mais belas regiões da Itália. Ele é tão essencial para a cozinha italiana como o azeite extra-virgem.

Produzido a partir de uvas Sangiovese, Chianti exibe uma cor vermelha rubi com tons de laranja queimada - uma tonalidade normalmente associada aos vinhos envelhecidos. Além de Sangiovese, os vinhos Chianti podem conter uvas Canaiolo, Colorino, Cabernet Sauvignon e mesmo Merlot.

Os melhores exemplos de Chianti são uma experiência de degustação visceral. Imagine os aromas que você encontra em uma mercearia italiana: na entrada há uma tigela de cerejas Amarena, depois há cachos de orégano seco, vinagre balsâmico escuro, aromático, e salame. No bar, um espresso escuro está sendo tirado e há tabaco doce sendo comercializado. Tudo isto é Chianti.

Chianti: harmonização fácil e deliciosa

Os sabores encontrados em uma taça de Chianti dão conta de uma alta acidez e taninos fortes, o que faz com que este vinho seja perfeito quando combinado com pratos mais gordurosos e molhos de tomate (claro!). Além disso, pratos que levam bastante azeite ou contém carnes fortes (ideia: Bistecca alla Fiorentina) caem muito bem também.

Os molhos de macarrão à base de tomate também são fantásticos para harmonizar com Chianti. Pizza é outra combinação óbvia e deliciosa e funciona com todos os estilos de Sangiovese.

Ou seja: dá para não amar Chianti?

Se você busca um vinho com notas marcantes, bem frutado, maduro e com preço acessível, não precisa ir além de uma única região da Itália: a Puglia tem tudo o que você precisa.

Alguns dos melhores exemplares de vinhos italianos vêm desta região ensolarada e seca, sendo que os principais vinhos da Puglia são tintos, encorpados e harmonizam muito bem com uma grande variedade de alimentos.

Geograficamente falando, as uvas locais (Negroamaro, Primitivo e Bombino Nero) são frutos de uma região quente, cuja paisagem diversificada e belíssima, é responsável por, pelo menos, metade do azeite produzido em terras italianas (lembre-se: estamos falando do “calcanhar” ou, ainda, do “salto” da Velha Bota). O clima quente e o solo fértil tornam fácil o cultivo de quase qualquer coisa. Além disso, a Puglia é cercada por água em três direções e as brisas frescas do Mar Mediterrâneo ajudam a moderar as temperaturas nos vinhedos.

Os dois vinhos mais populares e amplamente disponíveis da Puglia são Salice Salentino e Primitivo. Se o primeiro é marcado pelos tons de ameixa madura, framboesas cozidas e especiarias como anis, pimenta da Jamaica e canela (tudo por causa das uvas Negroamaro, que servem de base para a sua produção), além de ter corpo mais leve e baixa acidez, o segundo é mais rico em sabores e aromas.

Vinho Primitivo: a melhor face da Puglia

Além de ser extremamente encorpado, Primitivo tem sido gradualmente descoberto pelos apreciadores de vinho ao redor do mundo. A cada taça servida, novas descobertas são feitas. Isso por que este é um vinho marcante, forte, mas que não abre mão de sua versatilidade.

As notas frutadas remetem a figos frescos, mirtilos (blueberries) e amoras pretas. Há ainda um caráter seco e encouraçado bastante sensível também.

Diferentemente do que você poderia imaginar, a palavra “primitivo” não tem o mesmo significado em português. Trata-se de um falso cognato. Na verdade, o termo remete à precocidade com que essas uvas são colhidas, já amadurecidas. Este curto processo de cultivo dá ao vinho Primitivo  certo frescor difícil de encontrar em qualquer outro rótulo. Só experimentando mesmo!

Se você gosta de evitar o hype, este post é para você. É óbvio que você já sabe que existe uma discussão antiga para determinar qual é o melhor vinho italiano, Barolo ou Brunello, e que, de tanto debaterem sobre isso, os próprios italianos acabam elegendo diversas outras variedades de vinho como seu favorito (normalmente aquele mais perto de sua casa - assim, sicilianos vão preferir a Nero D’Avola, quem é da Toscana vai escolher a Sangiovese etc), mas a questão aqui é outra.

Vamos falar de uma uva muito menos conhecida ao redor do mundo (e mesmo na Itália), nativa da região de Piemonte, ofuscada pela muito mais famosa Nebbiolo, mas que apresenta excelente relação custo-benefício, por render vinhos deliciosos, perfeitos para o dia a dia e baratos. Trata-se de Barbera.

Vinho Barbera: guia rápido

Há alguns séculos, as baixas encostas e vales do norte da Itália foram gradualmente ocupados por videiras de Barbera. Desde o início, esta era uma uva considerada “menor” em relação à Nebbiolo (base para os renomados Barolo e Barbaresco), geograficamente preterida (as encostas mais nobres são mais altas, nebulosas como o nome diz, e viradas para o sul), mas muito consumida por gerar vinhos mais acessíveis e para serem apreciados ainda jovens.

O vinho Barbera apresenta sabor rico e levemente encorpado. Isso se deve a uma combinação bastante singular: as notas de morango e cereja das uvas se misturam à pigmentação bastante escura, que quase tinge de preto o vinho. Com baixo tanino e alta acidez, este vinho é ideal para quem gosta de perceber o aroma e sabor frutados da bebida. Vai muito bem com carnes e massas.

A versão Barbera d’Alba talvez seja a mais bem avaliada ao redor do mundo em função do selo italiano DOC (Denominação de Origem Controlada). Vale a pena experimentar e se deliciar.

Ok, esse post tem um toque de auto-indulgência. Além de adorar vinhos, sou fanático por pizzas. Então, pensei: por que não juntar o útil ao agradável e, de quebra, já planejar o menu para o final de semana? Em minha defesa: acredito que eu esteja na companhia de algumas milhares de pessoas. Milhões, para ser sincero. Pizzas e vinhos nunca estiveram tão em alta.

Bom, logo de cara dá para dizer que essa é uma combinação relativamente simples. Há muitos vinhos que combinam com muitas pizzas, dependendo dos ingredientes em questão. A lógica segue aquela de sempre: pratos mais gordurosos e/ou ricos em proteínas caem bem com vinhos ricos em tanino. Opções mais leves podem ser acompanhadas por uma variedade maior de vinhos tintos e até mesmo brancos (mais sobre isso em seguida).

No entanto, a ideia é sempre darmos um passo além, transformando a ocasião gastronômica em uma experiência, não é mesmo? Por isso, o desafio deste post residiu em conjugar sabores de pizzas verdadeiramente italianos com vinhos igualmente oriundos da Velha Bota.

3 harmonizações de vinhos e pizzas clássicas italianas

1. Margherita + Barbera d’Alba: a mais tradicional das pizzas italianas, também conhecida como "Napolitana", não leva nada além de molho de tomate, pedaços de mussarela fresca e manjericão e deve ter o tamanho do seu prato. Justamente por ser símbolo de simplicidade, a Margherita harmoniza perfeitamente com o Barbera d’Alba, que é marcado pelo frescor de suas notas, assim como pela acidez final, que casa perfeitamente com o molho vermelho.
2. Funghi + Barolo: essa é uma pizza tradicional na Itália, que leva uma grande variedade de cogumelos. Essa riqueza de sabores conjugada com a gordura da mussarela e um pouco de tomilho fazem desta a minha opção favorita (mas, é claro que você tem que gostar de cogumelos). Geralmente, os cogumelos e as ervas são posicionados em cima de uma base cremosa de queijo; por isso, a combinação com uma versão envelhecida de Nebbiolo, como um Barolo tradicional, funciona bem para destacar características de sabor semelhantes, todas com acidez perfeita para cortar a cremosidade do queijo.
3. Prosciutto e Rúcula + Scavigna Bianco: esta pizza combina duas especiarias muito queridas na Itália: presunto e rúcula, ingredientes que a torna leve e saborosíssima ao mesmo tempo. Na prática, as carnes curadas e as saladas verdes são ótimas para uma harmonização marcante e fresca ao mesmo tempo. É por isso que o Scavigna Bianco é indicado. É o equilíbrio perfeito entre sofisticação e simplicidade à mesa.

O senso comum diz que os chamados “vinhos de cozinha” são baratos e de baixa qualidade. Pois esse raciocínio é, no mínimo, impreciso. Enquanto alguns dos melhores vinhos brancos indicados para cozinhar diversas receitas tendem a ter preços realmente acessíveis, eles podem ser reconhecidos e deliciosos. E o melhor: a maioria das receitas levam bem menos do que uma garrafa, o que convida você a servir duas ou mais taças.

A ideia por trás da utilização do vinho em um prato específico é adicionar um toque doce à receita. Durante o preparo, o álcool do vinho evapora. O que fica é o sabor da bebida (frutado, fresco, doce) no prato. Na medida certa, essa incorporação do sabor do vinho pela comida vai enriquecer substancialmente a harmonização à mesa.

Como regra geral, os vinhos brancos secos para cozinhar devem ser combinados com pratos mais leves, como frango, sopa, mariscos e legumes. Não por outro motivo, o vinho adequado para preparar determinada receita é o mesmo que você utilizaria na harmonização do prato. Vinhos brancos secos são usados para tudo, desde molhos cremosos a sopas e carnes.

Vinhos brancos doces

As opções suaves ou doces dos vinhos brancos também são ótimas opções para serem utilizadas em receitas diversas, especialmente de sobremesas. Molhos doces para tortas de frutas ficam inesquecíveis quando enriquecidos com vinhos brancos suaves, por exemplo. Peixes, lagosta e camarão também são ótimas dicas.

Como esses vinhos são sensíveis ao tempo, uma boa ideia é planejar consumir a garrafa toda uma vez aberta.

3 dicas essenciais para cozinhar com vinho branco

• No caso de molhos cremosos, cozinhar o vinho separadamente até reduzir o volume pela metade. Depois, adicionar o creme. Isso evita contaminar o doce com o álcool do vinho.
• Em receitas com carne, você pode adicionar algumas colheres de sopa de vinho para ajudar a amaciar e caramelizar o prato.
• Quanto mais tempo você cozinhar o vinho, menos álcool terá no prato. Pode levar até duas horas e meia, em ebulição moderada, para remover completamente o álcool do vinho.