Não há dúvidas de que o Amarone della Valpolicella é a grande estrela da região localizada perto da cidade de Verona, em Vêneto, na Itália. Principalmente depois de 2009, quando obteve o status DOCG, o maior reconhecimento concedido a vinhos italianos, este rótulo passou a ser o mais buscado entre as deliciosas opções de Valpolicella. Mas há muito mais a ser apreciado no Amarone que suas, digamos, “condecorações”.

Este vinho tinto, seco, ricamente aromatizado, composto por uvas Corvina e Corvinone Veronese (70%) e Rondinella (30%), é certamente um dos melhores vinhos produzidos na Itália. Ponto.

Espere por aromas arrojados de amêndoas, licor de cereja, figo, canela e ameixa, juntamente com notas sutis de pimenta verde, chocolate e pó de cascalho. No paladar, os vinhos Amarone geralmente apresentam acidez média ou alta-equilibrada, com alto teor alcoólico e sabores de cereja preta, açúcar mascavo e chocolate. Aliás, quanto mais velho for a garrafa, mais o açúcar mascavo será percebido, o que costuma surpreender os apreciadores, e ainda ajuda a equilibrar a acidez natural do vinho. É perfeito para noites frias de inverno.

Valpolicella: em busca de novos sabores

Como você deve saber, o Amarone não é o único vinho produzido na bela região de Valpolicella. Há diversos outros tipos de vinhos que compõem a diversidade da vinicultura desta parte do Vêneto, mas dá para destacar dois rótulos em especial: Ripasso e Valpolicella Classico.

Apesar do nome, Valpolicella Classico configura uma ótima opção para ocasiões casuais. É mais bem apreciado quando servido ligeiramente fresco, em noites agradáveis de primavera, quando o menu é composto por massas, carnes mais leves ou mesmo pizza.

Ripasso, por sua vez, é uma ótima alternativa ao Amarone. Trata-se de um DOC intenso, indicado para o outono/inverno, que vai muito bem quando acompanhado de carnes um pouco mais pesadas, cogumelos e molhos mais carregados. O segredo dos ricos sabores deste vinho está na forma inusitada como é produzido: trata-se da perfeita combinação entre Valpolicella Classico e os fragmentos de uvas restantes da produção do Amarone. Esse processo permite que, em sua fermentação, o vinho adquira sabores mais ricos, além de um teor alcoólico mais alto. Intensidade é uma boa palavra para descrever Ripasso.

Não tem jeito: a chegada do inverno sugere noites frias acompanhadas de pratos quentes e uma bela taça de vinho. Fondue, carnes, queijos e pães também caem muito bem. Para este período do ano, há inúmeras opções de ótimos vinhos para degustar, mas poucos falam de uma das opções mais certeiras: Syrah. Ele é mais escuro (e encorpado) do que o Cabernet Sauvignon e contém grandes quantidades de antioxidantes, combinação que faz com que este vinho da Sicília seja perfeito para o frio e ótimo para a saúde.

As uvas Syrah dão origem a alguns dos vinhos tintos mais encorpados do mundo, com sabores de frutos escuros, como mirtilos e até azeitona preta salgada. Essas notas fazem da degustação do Syrah uma experiência única: você logo é saudado por uma enorme profusão de sabores, que logo diminui, se transformando em um leve tom picante.

Devido ao seu estilo, digamos, “forte”, Syrah normalmente é misturado com uvas de paladar médio (Cabernet Sauvignon, por exemplo), mas a sugestão é sempre experimentar as opções mais puras antes de qualquer outra coisa. A graça da degustação reside também em harmonizar esses vinhos mais marcantes com os pratos certos, não é mesmo?

Harmonização do Syrah

Como você já deve imaginar, com seu sabor frutado e encorpado, Syrah combina muito com alimentos igualmente fortes. Churrasco, fondue de carne, queijos cremosos ou mesmo um hambúrguer acompanhado de uma fatia de queijo azul são boas sugestões. O truque é fazer aparecer as nuances sutis do Syrah. Para isso, vale usar:

Tempero com ervas: Enriqueça as carnes com uma mistura especial de ervas aromáticas. Erva-doce e tomilho são excelentes ideias. Sim, chimichurri também vale!

Queijos macios: para acompanhar um vinho de presença marcante como Syrah, prefira os queijos mais fofinhos e macios, cuja textura absorverá os altos taninos.

Termogênicos: o sabor levemente apimentado de Syrah será muito bem acompanhado por alimentos que ajudam a elevar a temperatura corporal, como o gengibre, anis, cravo e toda sorte de pimentas.

Frio, que frio?

Savuto não é desses vinhos muito comentados, mas trata-se de um rótulo apaixonante para os apreciadores. Trata-se de um DOC da região vinícola da Calábria, no sul da Itália. Seu nome tem origem no rio Savuto, que forma a fronteira entre as províncias de Cosenza e Catanzaro, nas colinas acima da costa oeste da Calábria. As videiras sobem o planalto de Sila e correm por 48 km pelas colinas antes de descer ao seu estuário no Golfo de Sant'Eufemia.

As uvas utilizadas para fazer o Savuto, que são exclusivamente vermelhas (rosso) e rosa (rosato), provêm de diversas variedades de videiras tipicamente calabresas. O tipo mais tradicional é Gaglioppo, que é um requisito de 35% de qualquer mistura Savuto. As outras variedades que dão origem a este vinho incluem Malvasia Nera, Greco Nero e Sangiovese, sendo esta última uma uva do centro e norte da Itália, em vez do extremo sul. Os vinhos brancos feitos nas colinas são vendidos sob títulos IGT ou como Vino di Tavola.

Geograficamente, o mar Tirreno e o grande Planalto de Sila são fatores vitais para criar o clima adequado para o cultivo de uvas. O grande volume de água que circunda a península de Calábria é um componente vital para o terroir local, pois ajuda a moderar o calor intenso das tardes de verão do sul da Itália, sem o qual esta área seria muito quente e árida para a produção vinícola. A água também ajuda a gerar brisas matutinas à medida em que a terra se aquece. A topografia montanhosa em torno do rio Savuto ajuda a canalizar esses movimentos de ar para cima e para baixo dos vales. Isso proporciona um ambiente mais estável para cultivar vinhas saudáveis. Brisas como essas são vitais na prevenção de doenças fúngicas, por exemplo. Está aí uma ótima dica de passeio para o verão europeu, que se inicia em junho.

Vinhos brancos no verão, vinhos tintos no inverno. A vida pode ser bem monótona, às vezes, não? Mas não precisa ser assim. Um dos objetivos deste blog é justamente estimular os amantes de vinhos a experimentar combinações diferentes, inverter determinadas lógicas pré-concebidas, desafiar padrões.

Por isso, este post tem uma meta bem clara: acabar com o estigma que acompanha os vinhos brancos desde sempre. Afinal, eles nem sempre são levados tão a sério como os vinhos tintos; são sempre vistos como “bons para servir como aperitivo”, “legais para harmonizar com o filé de Saint Peter”, “indicados para os dias mais quentes do verão”.

Vinho branco e dias frios combinam? Definitivamente, sim!

Vinhos brancos no verão, vinhos tintos no inverno. A vida pode ser bem monótona, às vezes, não? Mas não precisa ser assim. Um dos objetivos deste blog é justamente estimular os amantes de vinhos a experimentar combinações diferentes, inverter determinadas lógicas pré-concebidas, desafiar padrões.

Por isso, este post tem uma meta bem clara: acabar com o estigma que acompanha os vinhos brancos desde sempre. Afinal, eles nem sempre são levados tão a sério como os vinhos tintos; são sempre vistos como “bons para servir como aperitivo”, “legais para harmonizar com o filé de Saint Peter”, “indicados para os dias mais quentes do verão”.

Ora, sinceramente, isso é uma afronta. Essas definições sobre os vinhos brancos são apenas uma forma de diminuir a importância e relevância que esses rótulos têm. E defender algumas regras bem anacrônicas (ainda há quem sugira branco para elas, tinto para eles, por exemplo).

Mas isso está mudando. Ainda bem. Porque o vinho branco certamente pode ser forte também e combinar perfeitamente com uma noite fria de outono ou inverno.

Ok, os vinhos brancos italianos mais conhecidos como o Chardonnay ou mesmo o Prosecco (que já faz parte da categoria dos espumantes) são mais bem apreciados em dias mornos ou quentes, quando servidos gelados. Mas quando pensamos em um vinho branco mais encorpado e aveludado como aqueles originados de uvas Pinot Grigio, por exemplo, então percebemos como perdemos tempo rejeitando uma taça de vinho branco simplesmente porque “estava frio”.

O sabor rico, a fragrância marcante e a coloração um pouco mais pigmentada do Baglio di Stefano, que traz notas de coentro e limão, ou do inesquecível Scavigna Bianco certamente comprovam a tese de que o outono e inverno também é temporada de vinho branco. Basta estar aberto a expandir o repertório de vinhos.

Ora, sinceramente, isso é uma afronta. Essas definições sobre os vinhos brancos são apenas uma forma de diminuir a importância e relevância que esses rótulos têm. E defender algumas regras bem anacrônicas (ainda há quem sugira branco para elas, tinto para eles, por exemplo).

Mas isso está mudando. Ainda bem. Porque o vinho branco certamente pode ser forte também e combinar perfeitamente com uma noite fria de outono ou inverno.

Ok, os vinhos brancos italianos mais conhecidos como o Chardonnay ou mesmo o Prosecco (que já faz parte da categoria dos espumantes) são mais bem apreciados em dias mornos ou quentes, quando servidos gelados. Mas quando pensamos em um vinho branco mais encorpado e aveludado como aqueles originados de uvas Pinot Grigio, por exemplo, então percebemos como perdemos tempo rejeitando uma taça de vinho branco simplesmente porque “estava frio”.

O sabor rico, a fragrância marcante e a coloração um pouco mais pigmentada do Baglio di Stefano, que traz notas de coentro e limão, ou do inesquecível Scavigna Bianco certamente comprovam a tese de que o outono e inverno também é temporada de vinho branco. Basta estar aberto a expandir o repertório de vinhos.

Agora que você já sabe como e quando servir o Prosecco, vale a pena aprofundar-se um pouco na história e tipos de harmonização possíveis deste irresistível espumante italiano.

Há registros de produção de bebidas fermentadas a partir de uvas Glera que datam do Império Romano. Cultivadas na região de Trieste, as uvas davam origem a uma espécie de vinho chamado “Puccino”. Era o embrião do Prosecco.

No entanto, é só a partir do século XVI que o cultivo de uvas Glera se expandiu por todas as colinas do Vêneto e Friuli. A produção então se espalhou para as áreas vizinhas e é, então, que o Prosecco, como o conhecemos hoje, foi produzido pela primeira vez no início do século XX, graças à introdução de novas tecnologias de fermentação secundária.

Sim, se não fosse pelo homem e seus conhecimentos técnicos, a produção do DOC Prosecco nunca teria começado: foi a Escola de Enologia de Conegliano Veneto que finalmente aperfeiçoou o método de produção, aprimorando as qualidades excepcionais do Prosecco.

A região conhecida como Conegliano-Valdobbiadene é um conjunto lindo de colinas verdes cobertas de vinhas. Chove muito por lá e, como resultado, as melhores vinhas são geralmente encontradas nas encostas viradas a sul (com boa drenagem e ventos suaves que secam as uvas após o “banho” diário). O Prosecco é produzido nesta área há cerca de 300 anos! Curiosidade: se você estiver interessado em visitar, um dos destaques da região é uma corrida de ciclismo divertida e desafiadora, chamada Gran Fondo Prosecco, que atravessa as colinas. Qualquer um pode participar e pode celebrar a sua vitória com o vinho da região.

Prosecco: harmonização simples e marcante

Na hora de combinar uma taça de Prosecco com as refeições, você vai se surpreender com a versatilidade desse espumante, já que ele combina bem com uma ampla variedade de gêneros e pratos. É um desses vinhos que podem ser servidos como aperitivo (antes da comida), mas também funciona bem ao lado do prato principal.

A ideia principal por trás da harmonização do Prosecco é usá-lo como um limpador de paladar junto com alimentos de média intensidade (frango, tofu, camarão ou carnes de porco). Por causa de seus aromas e bolhas adocicadas, o Prosecco combina bem com curry picante e com a cozinha asiática.